sábado, 23 de abril de 2011

Sexta-feira santa

Homem, aparentemente normal
transparece ternura e sensibilidade
a cada passo que dá
vestido sempre com as mesmas roupas
combinados com os bons e velhos tênis gastos
dos quais ele tanto reclama, mas que não consegue tirar dos pés.

Suas melodias envolventes, misturam-se aos ouvidos
num uníssono de maldade e amor, batendo juntos nos compassos.

Mulher, incapaz de esquecer a perda, o engano
rebelde sem causa, anda pelas ruas acompanhada apenas da coleira canina.
Passeia por lugares rotineiros,
suas antigas caminhadas pelas tristes noites solitárias

O cão sente o cheiro, no faro o perfume de homem
do homem que tornou-se velho
antiquado demais para a época em que a mulher e sua coleira viviam.

Ou talvez não fosse isso, não era nada disso.

Homem, aparenetemente normal
que jorrava humildade e amor
em todos os pequenos gestos que luzia.
Viu-se refletido no próprio espelho da discórdia
mostrou-se verdadeiro para a mulher.

Caiu no buraco da perdição que chamou de paixão
e a mulher assistiu, de camarote sua dor
sentiu vontade de ajudá-lo, mas assim se fez a história.
A incrível perda de sono, de sentimentos
o desejo infinito de não mais chorar
a vontade indefinida de permanecer ao lado dele
mas, ao mesmo tempo, de em sonhos o matar.

Homem, aparentemente diferente
de corpo viril, visto por todos como bondoso.
Agora era o vilão, de sua própria história
Assassino da paz, da dele e daqueles que estavam ao redor.
Perdedor de almas que neste momento passa seu tempo
reclamando da enorme dor de viver.
Tenta expulsar seus demônios em cada gota de sangue
que faz escorrer pelas costas, corpo de cicatrizes.
Agora por fora, mas que formaram-se anteriormente por dentro.

No interior de seu mentiroso e orgulhoso coração.
O homem, não pediu ajuda e mesmo assim a mulher estendeu-lhe a mão.
Ele pegou, seguiu carona na garupa do diabo.
foi-se pra longe, queimando seus sentimentos
lançando fogo em seus próprios pensamentos.

adeus.

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