P(r)ovo

Ontem eu digitei demais
coisas que ninguém falava.
Ontem eu me calei demais
por motivos que não causavam comoção.

Hoje eu saí da casca,
brotei no altode uma montanha de concreto
para que todos vissem meus pensamentos
para que todos sentissem o que eu sentia.

Hoje não mais me calei
não mais sofri pelo que não dizia.
Hoje eu gritei, eu cantei em coro
junto de todos os condenados.

Não há razão para inércia
não há razão para o silêncio
toda opinião importa
e toda raiva deve ser exposta.

Vamos

Vamos mudar sim
nossos caminhos
nossa trajetória
vamos fazer diferente a nossa história.

Voar no alto das nuvens
onde sonhos são realidade
Correr pela rodovia
ouvindo música em alta velocidade.

Sair de casa para não mais voltar
sentir o cheiro do leve despertar
ouvir sua respiração ao meu lado
caminhando junto de mim nessa vida.

Vamos que já é tarde
estamos atrasados para a nossa viagem
temos uma longa estrada para percorrer
uma eternidade de amor para viver...
 

Fazer ela perceber que, se a medalha é minha, é dela

"eu tô cansado do pra lá e pra cá
eu quero brisa leve
se a vida é faísca
que brilhe devagar

se o engraçado às vezes faz doer
eu quero rir com cãibra
até abrir ferida

tô junto nessa de querer cantar
um verso com coragem
que sirva de bandagem
pro que se quer curar

E o mundo vai ficando grave
com todo estorvo, precipício
muro em cima, todo entrave"

Tudo vai ficando grave

Eu ponho os óculos
pra iludir minha visão;
fingir que não estou de olhos inchados,
novamente.

Eu me mostro pros outros forte,
segura de mim,
mas estou aqui,
com uma cachoeira de lágrimas
caindo por dentro.

Eu fico com medo das coisas,
então quando eu as vejo retornando,
quando eu as vejo em um enorme feedback,
eu desabo ainda mais.

Porque nesse momento eu não sei mais o que fazer.
Eu cheguei ao meu limite antes de tudo isso
quando eu me imaginei sozinha, caída de novo;
então eu relevei, eu perdoei, eu me acalmei
e tentei de novo.

Mas parece que não adiantou
vejo retornar aquele mesmo barco negro
chamado tristeza.